A noite estava fechada em bruma quando caminhei para aquele castelo. Nada me podia deter em ir à famosa fortaleza, o lugar de onde se dizia que ninguém poderia entrar ou sair. Quantas lendas, mitos, ideias em torno deste simples castelo existiam e que abrigava dizia-se, a força de mil monstros. Eu era mulher o suficiente para isso, para caminhar até lá, de espadas, armaduras, cavalos, venenos, adagas.
Quando chego ao castelo, reparo que este tinha silenciosamente a porta aberta. Senti um medo companheiro, mas decidi avançar. Encontro um castelo sem vida, sem nenhuma tocha que ardesse, um monstro que mordesse ou humano que me queresse… em vez disso, apenas vi campos e campos de flores, cheios de pétalas, suaves, abertas, receptivas, guardadoras das maiores profundezas da gentileza. Percebi então porque é que o castelo tinha sido bafejado durante anos pelas ideias consecutivas de um forte impenetrável. É que é preciso ser-se muito forte para derrubar muros, barreiras e agruras para ter como único e consolável prémio, não um território, tesouro ou nome aclamado mas a impermanente benção da sensibilidade.
Daniela Salomão Barata 🌓
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